Os costumes mudaram muito ao longo do tempo e os próprios meios de comunicação fazem parecer comum os jovens manterem uma vida sexual ativa antes do matrimônio. Mas sabemos que nem tudo que é comum é correto, da mesma forma que São Paulo nos alerta: “Tudo posso, mas nem tudo me convém”. É lógico que eu como jovem de 22 anos penso nisso, pode ter certeza que penso e muito, não me falta vontade de viver algo tão prazeroso... Mas é preciso decidir sobre nossas atitudes sob a luz de Deus, e refletir: Vale a pena? O que Deus espera de mim? O que Ele, meu Mestre e Senhor, quer que eu faça?
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Castidade?!
Os costumes mudaram muito ao longo do tempo e os próprios meios de comunicação fazem parecer comum os jovens manterem uma vida sexual ativa antes do matrimônio. Mas sabemos que nem tudo que é comum é correto, da mesma forma que São Paulo nos alerta: “Tudo posso, mas nem tudo me convém”. É lógico que eu como jovem de 22 anos penso nisso, pode ter certeza que penso e muito, não me falta vontade de viver algo tão prazeroso... Mas é preciso decidir sobre nossas atitudes sob a luz de Deus, e refletir: Vale a pena? O que Deus espera de mim? O que Ele, meu Mestre e Senhor, quer que eu faça?
Castidade segundo o Catecismo da Igreja Católica
Fonte: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA - Compêndio
Disponível também em: http://www.vatican.va/archive/compendium_ccc/documents/archive_2005_compendium-ccc_po.html
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Cristo no imaginário infantil
Aborto
Sacramentos e Sacramentais
sábado, 25 de dezembro de 2010
A PALAVRA DA VIDA Jo 1,1-18
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Nasce o Messias Salvador, o Senhor.
O RECENSEAMENTO: O primeiro dos três recenseamentos de César foi feito no ano 28 aC, que corresponde ao 749 da fundação de Roma. Havia duas classes de censo pessoal: a) o dos cidadãos romanos (census populi) tanto na Itália como nas províncias. Em grego apotímesis tou desmou (censo do povo), era feito com a finalidade de recolher impostos ou exigir o serviço militar.
Normalmente requeria uma declaração (apografê) e uma valoração das propriedades (timêsis).Este tipo de censo foi feito nos anos 28 e 8aC, e 14dC b)dos incolae, ou habitantes nas províncias que não tinham cidadania romana. Chamava-se também apografê, palavra que usa Lucas, e fazia-se nas províncias, dependendo das condições da demarcação em curso.
Por exemplo, no Egito cada 14 anos desde o 33/34. Nas Gálias 27 e 12 aC e 14-16 dC. E consta que na Lusitânia (Portugal), Espanha e Judéia realizaram-se também esta classe de apografés. Nas províncias imperiais, os delegados como era o caso da Síra-Palestina, podiam convocar o censo por própria vontade. Distinguia-se também entre apografé, um termo genêrico para qualquer tipo de censo e apotímesis, termo técnico para um censo para fins fiscais.
No nosso caso não parece ser um censo fiscal, mas uma convocação para prestar um juramento de fidelidade a César no tempo de Herodes, feito por comparecimento à semelhança com o que foi feito em Paflagônia. Este juramento foi feito por ordem de Roma e com os procedimentos romanos: isto é, no lugar de residência de cada um, especialmente no Oriente em que abundava a população flutuante. Foi feito para congraçar-se com César, aproximadamente no ano 7 aC. Seis mil fariseus se negaram e foram multados, multa que foi paga pela mulher de Ferora, irmão de Herodes. Este censo-juramento do ano 7/6 aC foi feito antes do censo de Quirino, legado da Síria no ano 6/7 dC.
Por que Lucas escreve sobre Quirino se não era propriamente esse o censo que obrigou José a ir a Belém? A solução é a memória incorreta dos judeus que consideravam como datas memoráveis tanto a morte de Herodes como o censo de Quirino em que os tumultos do povo foram notáveis. Por outra parte devemos ter em conta que tais censos demoravam anos para serem cumpridos. Daí que, por exemplo, no Egito se realizassem cada 14 anos. A data, pois, de Lucas podia ser traduzida por: "antes do famoso censo de Quirino". . Foi feito no tempo em que Sentio Saturnino era legado da Síria (9-6 aC), segundo diz Tertuliano.
A apografê ou inscrição de pessoas e propriedades iniciou-se em tempos de Saturnino (7/6aC) e a ulterior apografesis (apotímesis) ou objetivo cadastral dos dados registrados foi realizada por Quirino(6/7 dC ) com a conseguinte revolta dos contribuintes judeus.
PUBLIUS SULPICIUS QUIRINUS (Cyrinus em latim): No ano 12 aC foi proclamado cônsul em companhia de Valgio Rufo. Tácito fala dele como um soldado intrépido e disciplinado que lutou contra os bandidos homonadenses na Cilícia ao sul da província da Galácia, sudeste da Ásia Menor, lugar montanhoso e terra perigosa pelos bandidos. Estrabón disse que após cortar toda possibilidade de mantimentos fez 4 mil prisioneiros e os deportou, de modo que ficaram as terras sem homens. Após o ano 4 aC foi Rector (assessor) do filho adotivo do imperador, vice-rei na época das províncias orientais entre as quais estava a Síria. Ao unir à Síria os territórios de Arquelau ano 6 dC Quirino foi o Legatus (delegado) da Síria, encarregado de fazer o censo na província e vender os bens patrimoniais de Arquelau na Palestina. Censo que é descrito por Atos 9, 37 e que deu lugar à insurreição de Judas o Galileu.
MOTIVO: Qual foi a intenção de Lucas? Sem dúvida delimitar o nascimento de Jesus com fatos históricos conhecidos na sua época. À partir dessa intenção temos a ação do Espírito que nos dá detalhes para combater uma das mais sugestivas heresias do primitivo cristianismo: o docetismo, que pretendia provar que o corpo de Jesus era aparente. Os detalhes de seu nascimento desbaratam semelhante disparate. Uma outra intenção é ligar Jesus com Davi, não unicamente como descendente, da mesma tribo, mas também como um nascido no mesmo lugar para indicar a ininterrupção da realeza fundada no mais famoso dos reis de Israel. O nome Betlehem, casa do pão, é simbolicamente uma referência ao que se chamaria pão descido do céu (Jo 6, 51). Belém era a cidade de Davi e seria logo a cidade de Jesus.
PRIMOGÊNITO: A palavra protótokos (primogênito ou primeiro nascido) tem um valor técnico, religioso. Traduz a palavra hebraica BEKOR, que tem valor semântico como primícias que devem ser dadas a Jahveh. Nada indica sobre outros filhos. Um filho único é primogênito segundo a linguagem bíblica.
OS SINAIS O parto, segundo os dias costumeiros numa mulher, o envoltório em faixas era coisa rotineira entre as mulheres da época e da Palestina. Tudo par indicar que Jesus era um homem normal de corpo e osso, formado durante a gravidez no seio de Maria (contra o docetismo e a heresia de Marcion).
O que não é normal é o presépio e por isso Lucas deve dar a razão do mesmo: Não havia lugar para eles no KATALIMA. o significado inicial era o quarto de hóspedes. A palavra tem origem em kataluein, verbo que significa desatar. Era inicialmente o lugar em que se desatavam as cavalgaduras após a viagem (malon em hebraico) ou albergue noturno.
Ou seja, um albergue, que pode ser até uma casa particular, LISHK. A sala de invitados como em 1Sm 1, 18 (só nos setenta). Tanto Marcos como Lucas usam katalima para a sala de refeição da última ceia, que a vulgata traduz por refectio (refeitório) em Marcos e diversorium (alojamento) em Lucas. E dizem ambos os evangelistas que o dono mostrará o ANAGAION ( cenaculum em latim) em ambos casos.
Uma solução moderna é dada pela arqueologia: As casas de Belém não eram covas escavadas no monte, como eram as de Nazaré, mas construídas ao redor de um pátio comum. Eram casas de dois andares. O andar inferior era uma cobertura em forma de arco ou abóbada, sobre a qual estava a casa propriamente dita à qual se subia por uma escada externa. Nessas habitações do andar superior não havia lugar, nem espaço físico disponível, nem lugar decente para um parto. Por isso escolheram o andar inferior, estábulo dos animais. Os pastores recebem como sinais (Semeion ou Oth em hebraico) as faixas e o presépio. Semeion era um meio da manifestação divina, nem sempre miraculosa.
Assim o arco iris era sinal de não acontecer um novo dilúvio. São fatos indicadores de um acontecimento que deve ser conhecido. Não são apologéticos, mas didáticos. O simbolismo das faixas pode ser evidente, pois Salomão em Sb 7, 4 relaciona sua condição de REI com o fato de ter sido envolto em faixas. Ou como Moisés que foi envolto pela própria mãe por falta de parteira. Mais bem parece ser um sinal de que Jesus é como todo homem quando criança que é amado e acolhido, à diferença de Jerusalém que, segundo Ezequias 16, 4-5 afirma, tornar-se-ia uma cidade abandonada. Pelo contrário teve uma verdadeira mãe que o cuidava desde o primeiro instante. Um messias menino era praticamente impensado nos tempos de Jesus. Uma mãe solícita é o que descobrimos neste relato íntimo e familiar.
Os católicos descobriram Maria como instrumento vivo para a vida do Salvador. O Verbo escolheu o Homem Jesus, mas também escolheu de modo especial Maria como mãe.
OS PASTORES: Eram nômades que viviam no descampado pastoreando seu rebanho e à noite faziam suas vigílias para guardá-lo. A DOXA (o Kabod Jahveh) os envolveu de luz. No grego clássico doxa é a opinião favorável dos homens. No grego bíblico corresponde à tradução de Kabod , ou seja, a manifestação visível de Deus junto a seu povo, rodeando o tabernáculo (Ex 16,10) ou o templo na visão de Ezequiel (Ez 9,3). Deus toma como nova moradia os corpos simples dos pastores. São os novos tabernáculos, segundo o que Jesus declara à samaritana (Jo 4,24)
O ANÚNCIO: Era o nascimento de um Salvador, Messias Senhor, que por sua vez era causa de um grande gozo para todo o povo de Israel. Pois o Laós bíblico significa o povo escolhido diferente do ethnos, povo gentil. Soter (Moshaá) é o titulo de Deus quando realizava atos salvadores. Da raiz Yesha (salvação), provém o nome Yeshuá, nomes em hebraico que traduzem por Jesus. O segundo título dado pelo anjo é o de Cristo, (Khristós ou Mashiáh) Ungido. No AT era o título dos homens cuja missão era acompanhada de uma unção: o rei, o sacerdote e o profeta. O terceiro título é o de Senhor (Kyrios, que no AT era a tradução de Jahveh, no hebraico Mareh [só para reis e Deuses] e daí a fórmula maran athá = Senhor, vem! em 1Co 16,22). Os três títulos aparecem unidos em Fp 3, 20: "Nossa pátria está nos céus de onde esperamos como salvador o Senhor Jesus Cristo".
O PRESÉPIO: (Fatne ou Ebus ) O midrash judeu recolhe a lenda que, Adão castigado depois do pecado, replica a Deus: terei que comer no mesmo presépio que meu asno? Outra explicação é a de Isaias: conhece o boi seu dono e o asno o presépio de seu amo; mas Israel não me conhece; o povo não me discerne (1,3). Agora serão os pastores, os mais humildes, que conhecem Jesus e voltam louvando Deus. Finalmente o presépio era um sinal de que o menino era descendente de um rei que tinha sido pastor e nesse oficio elevado a rei. Era, pois aos pastores que Deus revela sua providencial intervenção de um messias pastor, nascido de uma mulher sem especial relevância (Lc 2, 48).
O CANTO: A DOXA significa honra que se deve tributar a Deus, como o leproso samaritano em Lc 17, 18. A divindade tem uma série de atributos que formam sua Doxa (sabedoria, poder, imortalidade...), mas o homem pode dar graças por uma intervenção poderosa e salvadora de Deus e esta é a glória que a Divindade espera e que os anjos louvam como louvarão os eleitos a majestade divina por toda a eternidade. Paz, ou Eirene, (shalom em hebraico) é o oposto a guerra e em sentido figurado significa tranquilidade de espírito.
Biblicamente no NT significa o conjunto de bens desejáveis. Quando se trata da paz messiânica abrange todos os bens essencialmente os de ordem espiritual, provindo diretamente de Deus, que o Messias devia aportar como príncipe da paz (Is 9,5), afirmando Miquéias que ele mesmo será a paz (5,4) O salmo 85, 9-10 resume perfeitamente este ambiente messiânico. Após o cântico de Zacarias a paz tem um sabor de perdão, de amizade renovada após um período de inimizade (Lc 1,77). Cristo fez horizontalmente de dois povos um só e verticalmente reconciliou a humanidade com Deus (Ef 2, 14-18).
A Nova Aliança que foi chamada pelos profetas aliança de paz (Ez 37,26) seria uma aliança entre amigos e não mais entre servos (Jo 15,15). A BOA VONTADE é uma tradução pouco feliz da palavra grega EUDOKIAS, que significa complacência, beneplácito, sem dúvida do hebraico RATSON, prazer, satisfação. É a palavra empregada no batismo de Jesus quando se submete à humilhação de ser considerado pecador (Lc 3, 22) ou no momento da transfiguração (Mt 12, 18). Um fundo em todos eles de filiação, o verdadeiro filho de Deus que se submete e no qual o Onipotente admite ter verdadeira complacência: Paz na terra aos filhos do beneplácito divino, poderíamos traduzir em definitivo.
PISTAS:.1) Muitos acreditam que quanto mais divinizemos a figura de Jesus tanto mais se tornará em proveito próprio essa imagem sagrada do mesmo que aparentemente despojamos da vertente humana.
O evangelho de hoje mostra o contrário: Deus quis se aproximar do homem, tornando-se um de nós, sem diferença, porque ele ama a humanidade e a admite no seu filho com e motivo de nossa meditação.
2). Se Cristo é como homem o modelo, poderemos pensar que tipo de homem [o sábio, o rico, o poderoso, o louvado e estimado], ou pelo contrário [o pobre, o humilde, o necessitado, o escondido e até excluído], foi desde o início o homem Jesus em quem o Verbo quis habitar pessoalmente unido a Ele.
Evidentemente o evangelho de hoje escolhe este segundo tipo e o descreve com especiais detalhes de modo que ninguém se sinta envergonhado de sua pequenez e insignificância.
3) Jesus é pastor, nasce como pastor e é visitado e adorado por pastores antes de ser Rei. Deus entre os homens gostará de ser o verdadeiro pastor trocando uma realeza esperada como era o esperado de um descendente do rei Davi, pelo ofício que este tinha de cuidar das ovelhas. O reinado de Cristo começa pelo serviço como pastor que dá a vida pelas ovelhas.
FELIZ E SANTO NATAL A TODOS!
Fonte: http://www.sidneyrezende.com/noticia/25882+homilia+de+bento+xvi
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
O Nascimento de João Batista
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
"A minha alma engrandece o Senhor"
O poema é uma coletânea de versos extraídos do Primeiro Testamento, tendo como pano de fundo o chamado Cântico de Ana (1 Sm 2,1-10).
E nesse sentido é poema de mulheres pobres, não só por marcar o encontro de Maria e Isabel, mas por se constituir em memória de um grupo que por nós precisa ser melhor conhecido.
Ao atribuir o poema a Maria, a comunidade de Lucas quer, entre outras coisas afirmar que a jovem mãe fazia parte dos pobres de Deus.
Desde a época da destruição do país pela Babilônia, que aconteceu por volta de 587 a.C., o povo israelita começa a esperar o restaurador do reino davídico, o Messias.
Com o passar do tempo, vão se constituindo grupos e partidos, cada um com sua teologia própria, cada um esperando um messias que viesse satisfazer seus interesses. Começam a se formular compreensões diferentes dessa figura.
Os fariseus, por exemplo, aguardavam a chegada de um messias que viesse restaurar o reino davídico a partir da exigência do cumprimento total da Lei de Moisés. Os zelotas, por sua vez, aguardavam um messias guerrilheiro que expulsasse a dominação romana por meio de uma revolução armada.
Apesar dos poucos registros históricos, sabemos da existência de um outro grupo que se reunia para louvar ao Deus dos pobres, na espera de um messias que viesse do meio dos pobres, tal como havia profetizado Zacarias: “Eis que o teu rei vem a ti; ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho da jumenta” (Zc 9,9). Trata-se dos ‘anawîm, os pobres de Deus.
Desse grupo faziam parte, provavelmente, Isabel e Zacarias, os pais de João Batista, justos diante de Deus (Lc 1,5-6); o justo e piedoso Simeão, que aguardava a consolação de Israel (Lc 2, 25); a profetiza Ana, com seus oitenta e quatro anos de sonho e esperança (Lc 2, 36-38). E Maria, com seu noivo José, que também era justo, conforme Mt 1,19.
O termo “justo” é um adjetivo freqüentemente atribuído às pessoas participantes do grupo dos ‘anawîm. É notável a liderança das mulheres entre os ‘anawîm. Muito provavelmente em seus momentos de encontro, de oração, elas iam coletando frases do Primeiro Testamento e compondo canções como o Magnificat.
Os capítulos iniciais do evangelho de Lucas recolhem ainda o chamado Cântico de Zacarias (Lc 1, 68-75), outro exemplo desses poemas. Maria sabia de cor essas canções, elas eram a história do seu povo. Composição de mulheres que conhecem bem as Escrituras
Numa cultura onde as mulheres não tinham acesso às letras, chama a atenção como no Magnificat se fazem presentes os textos bíblicos.
É evidente a força feminina na manutenção da história através da memória oral, visto que a escrita estava ligada a pequenos grupos, normalmente de homens detentores do poder. Assim perceberemos como Maria e as suas companheiras conheciam bem a história de seu povo e dela tiravam forças para lutar.
A principal fonte inspiradora do Magnificat é o Cântico de Ana, mulher estéril, por isso discriminada e humilhada. Na amargura, chora e derrama a sua alma diante de Deus (1 Sm 1,10.15). Mas sabe expressar a sua gratidão ao se tornar mãe de Samuel: “eu o pedi a Javé” (1 Sm 1, 20).
Muito sabiamente, o redator de 1Sm a ela atribui o poema presente em 1Sm 2,1-10. “O meu coração exulta em Deus, a minha força se exalta arco dos poderosos é quebrado, os fracos são cingidos de força” (vv 1.4-5).
Entretanto, o Magnificat percorre vários livros do Primeiro Testamento.
Isaías havia dito: Transbordo de alegria em Javé, a minha alma se alegra, porque ele me vestiu com vestes de salvação, cobriu-me com um manto de justiça.. (Is 61,10). Hab 3,18 diz algo semelhante: “Eu me alegrarei em Javé, exultarei no Deus de minha salvação. A figura do “servo sofredor” também é retomada, quando o poema diz que o Senhor “socorreu Israel seu servo”(Lc 1,54).
Em Maria acontece algo extraordinário: toda a sua alma concebe o Verbo de Deus, porque ela foi imaculada e isenta de vícios, guardou a sua castidade com pudor inviolável. Assim, com Maria, engrandece ao Senhor, aquele que segue dignamente a Jesus Cristo.
A Virgem humilde de Nazaré vai ser a Mãe de Deus; jamais a onipotência do Criador se manifestou de um modo tão pleno. E o Coração de Nossa Senhora manifesta de modo transbordante a sua gratidão e a sua alegria. E então, canta: a minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.
Dezembro: Fim e Recomeço
2) Mais maturidade... A vida é uma escola, em que vamos aprendendo a escalonar sempre melhor os nossos valores, de modo a viver sempre mais acertadamente na demanda do Absoluto e Definitivo. O começo de novo ano é um convite a mais seriedade e profundidade. São Paulo fala muito do crescer em maturidade: "Não sejamos crianças, joguetes das ondas, sacudidos por qualquer vento de doutrina; ao contrário, com a sinceridade do amor, cresçamos até alcançar inteiramente aquele que é a Cabeça, Cristo" (Ef 4,14s).
3) Alegria... Se, de um lado, o corpo vai-se fragilizando com o tempo e obrigando a renunciar a muitos valores legítimos, de outro lado, o cristão se regozija porque vai chegando ao fim da sua peregrinação e, como um barco que navega, é mais e mais penetrado pela luz da vida definitiva emitida pelo porto ao qual tende. A vida do cristão não pode deixar de ser marcada por uma viva alegria interior, pois deve ser um progresso que, deixando para trás infantilismo e imaturidade, vai sendo invadida pelos valores eternos que lhe serão cada vez mais próximos. Só há um mal que possa perturbar essa alegria íntima: o pecado ou a fuga diante do Absoluto e Eterno.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Crônicas Saxônicas
A CANÇÃO DA ESPADA
Quarta parte da série as Crônicas Saxônicas
Escuridão. Inverno. Noite de geada e sem lua. Flutuávamos no rio Temes, e para além da proa alta do barco eu podia ver as estrelas refletidas na água reluzente. O rio estava cheio, alimentado pela neve dos morros incontáveis. Os regatos temporários fluíam das terras altas, de calcário, em Wessex. No verão aqueles riachos estariam secos, mas agora espumavam descendo pelos morros compridos e verdes, enchiam o rio e fluíam para o mar distante. Nosso barco, que não tinha nome, estava perto da margem no lado de Wessex. Ao norte, do outro lado do rio, ficava a Mércia. Nossa proa apontava rio acima. Estávamos escondidos entre os galhos dobrados e sem folhas de três salgueiros, mantidos ali contra a corrente por uma corda de couro amarrada a um dos galhos. Éramos 38 naquele barco sem nome, um navio mercante que costumava atuar nas partes mais altas do Temes. O comandante do navio se chamava Ralla e estava a meu lado com a mão no remo-leme. Eu mal podia vê-lo no escuro, mas sabia que ele estava usando gibão de couro e tinha uma espada à cintura. O restante de nós usava couro e cota de malha, tínhamos elmos e levávamos escudos, machados, espadas ou lanças. Esta noite iríamos matar. Sihtric, meu servo, agachou-se a meu lado e passou uma pedra de amolar na lâmina de sua espada curta.
— Ela diz que me ama — argumentou.
— Claro que diz — respondi.
Ele parou, e quando falou de novo sua voz havia se animado, como se tivesse ganhado coragem com minhas palavras.
— E já devo ter 19 anos, senhor! Talvez até 20, quem sabe?
— Dezoito? — sugeri.
— Eu já poderia estar casado há quatro anos, senhor!
Falávamos quase aos sussurros. A noite era repleta de sons. A água ondulava, os galhos nus estalavam ao vento, uma criatura da noite chapinhou no rio, uma raposa uivou como uma alma agonizante, e em algum lugar uma coruja piou. O barco rangia. A pedra de Sihtric sibilava e raspava o aço. Um escudo bateu num banco de remador. Eu não ousava falar mais alto, apesar dos ruídos da noite, porque o navio inimigo estava rio acima e os homens que haviam desembarcado teriam deixado sentinelas a bordo. Essas sentinelas poderiam ter nos visto enquanto deslizávamos rio abaixo junto à margem mércia, mas agora certamente deviam pensar que tínhamos seguido há muito na direção de Lundene.
— Mas por que se casar com uma puta? — perguntei a Sihtric.
— Ela é...
— Ela é velha — rosnei. — Deve ter uns 30 anos. E é meio doida. Ealhswith só precisa ver um homem para abrir as coxas! Se você enfileirasse cada homem que montou naquela puta, teria um exército suficiente para conquistar toda a Britânia. — A meu lado, Ralla deu um risinho. — Você estaria nesse exército, Ralla? — perguntei.
— Mais de vinte vezes, senhor — respondeu o comandante do navio.
— Ela me ama — insistiu Sihtric, carrancudo.
— Ela ama sua prata — disse eu —, e, além disso, por que colocar uma espada nova numa bainha velha?
É estranho o que os homens falam antes da batalha. Qualquer coisa, menos sobre o que os espera. Já estive numa parede de escudos, olhando para um inimigo luminoso de espadas e sombrio de ameaças, e ouvi dois de meus homens discutindo furiosamente sobre que taverna fazia a melhor cerveja. O medo paira no ar como uma nuvem e falamos de nada, para fingir que as nuvens não se encontram ali.
— Procure alguma coisa madura e nova — aconselhei Sihtric. — A filha daquele oleiro está pronta para casar. Deve ter 13 anos.
— Ela é idiota — questionou Sihtric.
— E o que você é, então? Eu lhe dou prata e você derrama no buraco aberto mais próximo! Da última vez em que vi, ela estava usando um bracelete que dei a você. Sihtric fungou e não disse nada. Seu pai era Kjartan, o Cruel, um dinamarquês que o havia gerado em uma de suas escravas saxãs. No entanto, Sihtric era um bom garoto, ainda que na verdade não fosse mais garoto. Era um homem que havia estado numa parede de escudos. Um homem que havia matado. Um homem que mataria de novo esta noite.
Trecho da obra distribuída gratuitamente pelo Site Bernard Cornwell Brasil com a permissão da Editora Record.
Para conhecer um pouco mais da história, acesse: http://bctrechoslivros.vilabol.uol.com.br/saxonicas4.pdf