Preocupa-me muito a ausência de romantismo no mundo. Mas o
que causou essa ausência? Onde foi parar o romantismo? Sinceramente, não sei.
Temo que ele tenha se perdido ao longo do tempo, talvez quando as visitas do
amado, tão aguardadas, foram substituídas por telefonemas, ou quando as cartas
de amor começaram a ser trocadas pelos SMS, emails... Flores? Somente virtuais,
sem a suavidade do toque das pétalas, sem o perfume que aguça nossos instintos,
sem a beleza da realidade. E em meio a tantas artificialidades, os gestos, poderosos
aliados dos amantes, também começaram a se tornar artificiais, frios,
distantes. Ser romântico hoje é antiquado, é perder tempo. E nesse costume
grosseiro de estar simplesmente presente de corpo, sem estar presente de alma
ou coração, os homens se esqueceram das atitudes simples que conquistavam suas
amadas, também pudera! Nós, ignorantes como somos, permitimos que isso
acontecesse, afinal ficou mais fácil disponibilizar o corpo e desconsiderar os
sentimentos. E com o tempo aqueles momentos doces que fazíamos questão de
guardar com tanto afeto, aqueles beijos cheios de amor e carinho que incendiavam
o coração foram desaparecendo, aos poucos. Os corações se tornaram vazios, a
vida perdeu parte do sentido. E assim como os gestos ficaram artificiais,
descartáveis, as relações também ficaram, sem calor, sem vida, duráveis apenas
pelo tempo que se leva para começar a sentir falta do romantismo. E se o romantismo
faz falta na vida, como ele foi esquecido? Talvez por vergonha de reconhecermos
que nos tornamos tão fúteis. A triste conclusão a que chego é que esse caminho
parece ser sem volta. Um ser tão inteligente e evoluído como o homem não tem mais
tempo para ser carinhoso. O tempo é curto e a vida também. Não permitamos que
essa breve vida seja vazia de amor, de carinho, de romance. Ser romântico é tão
simples! Basta um gesto, um olhar, um afago. O que faz diferença é o amor que
se coloca nas atitudes. Quando for olhar, olhe nos olhos, veja todo o
sentimento que insiste em aparecer neles. Quando for tocar, toque o coração,
não apenas a pele. Quando for beijar, se esqueça do tempo, se esqueça de tudo,
permita apenas a lembrança daquilo que o fez se apaixonar pela pessoa a sua
frente. Os abraços não podem ser apenas um envolver de braços, devem aproximar a
alma, aquecer o amor. Assim eu garanto, aquele romantismo que se perdeu poderá
encontrar o caminho de volta para nossas vidas. E enquanto isso, enquanto
insistimos em nos enganar pensando que ser carinhoso não é importante, o
romance vai continuar esquecido, preso naqueles doces momentos de outras épocas,
roubado de nossa breve vida. Roubado por quem? Quem escondeu esse romantismo? Ou
quem sabe ele foi esquecido, perdido talvez? Não sei, só peço que quem o
encontrar, por favor me avise. Estou ansiosa por voltar a experimentá-lo.